62 anos do Estádio do Morumbi: da construção ao Peixinho

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Dia 4 de dezembro, estaremos todos na pista do Morumbi, prontos para completar mais uma Tricolor Run! Mas antes de cruzar a linha de largada, você sabe sobre a história do nosso templo sagrado? Inaugurado em 02 de outubro de 1960, o estádio foi palco das principais campanhas e títulos do São Paulo e se tornou a casa do torcedor são-paulino. Antes das tantas glórias, a construção do nosso estádio foi primordial para uma mudança do clube. Após a vitoriosa década de 40 — o ‘Rolo Compressor”, como foi reconhecido pelo pentacampeonato paulista em 43, 45, 46, 48 e 49, sob a liderança técnica de Leônidas da Silva —, com o Canindé sendo a casa do tricolor paulista, a diretoria do clube resolveu ousar. Foi então que Laudo Natel, então sócio do SPFC e diretor de banco, propôs ao presidente do clube, Cícero Pompeu de Toledo, que se desfizesse do Canindé para construir o maior estádio particular do Brasil. O Dr. Cícero acatou, e o projeto começou a sair do papel.

Onde ser campeão?

A escolha do local em que se ergueria o monumento tricolor já foi uma tarefa difícil. A diretoria são-paulina até tentou fazer uma troca com a Prefeitura: o terreno do Canindé por um terreno próximo de onde seria construído o Parque do Ibirapuera. A ideia seria construir o estádio em um local deserto da cidade onde, em parte, localiza-se o Círculo Militar de São Paulo atualmente. Mas como não foi possível, a opção encontrada pelos idealizadores do estádio foi de encontrar um terreno próximo ao Rio Pinheiros. A primeira tentativa foi em um terreno às margens do rio, que era da então fornecedora de energia elétrica Light. A ideia era boa pela localização, mas o terreno não comportava o tamanho do sonho tricolor. Mas então, indo além do Rio Pinheiros, em uma região alagadiça e fora do grande centro, um terreno de quase 100 mil m³ junto à Imobiliária Aricanduva. A empresa conseguiu os terrenos no bairro do Morumbi após alguns proprietários — dentre eles a condessa Mariangela Matarazzo — venderem suas partes para unir tamanha área. A imobiliária, por sua vez, tinha a intenção de divulgar essa parte da cidade, que era um pouco isolada até então. Assim, após um empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Federal e da ativação da Comissão Pró-Estádio, em 15 de maio de 1952, o São Paulo lançou a Pedra Fundamental do estádio. Com isso, deu início à construção do Estádio do Morumbi.

Torcida, diretoria e jogadores por um sonho

Uma obra de tamanha magnitude como se planejava a do nosso estádio certamente não sairia barata. Um contrato de direitos exclusivos para a venda de produtos da Companhia Antárctica Paulista pelo mesmo valor do empréstimo da Caixa ajudou no início das obras. Foram 10 anos de contrato, com opção de renovação por mais 5 anos, para explorar comercialmente o estádio. Só tinha um problema (ou melhor, alguns problemas): justamente por ser uma área isolada da cidade, muitas mudanças no terreno da região precisavam ser feitas para torná-lo próprio para uma construção de tal estrutura. Mais da metade do valor arrecadado entre o empréstimo e a parceria foi gasta somente para a terraplanagem e a canalização do córrego Antonico, que ainda corta o subterrâneo do estádio. Além dessas duas fontes e do dinheiro em caixa, houve um diferencial na arrecadação de recursos: o torcedor são-paulino. Desde essa época, porém, a torcida do São Paulo demonstrava sua força e sua vontade de levar o clube para frente, assim como faz atualmente. Durante a construção do Morumbi, uma das principais formas de arrecadação de recursos foi por meio da venda de cadeiras cativas nas arquibancadas. A ideia inicial da comissão Pró-Estádio — liderada pelo próprio presidente Cícero Pompeu de Toledo — era vender 3 mil cadeiras cativas, com validade de 20 anos. Mas quem faria essas vendas? Teria de ser alguém que tivesse identificação com o clube e que tivesse apelo para a torcida entrar. Por que não os próprios jogadores? E deu muito certo! Somente o goleiro Poy — um dos maiores ídolos do clube, com 524 jogos pelo São Paulo — mais que dobrou a meta. Indo de casa em casa dos torcedores são paulinos, ele fez a venda de 8 mil cativas. Até a construção final do estádio, em 1970, o número de vendas esperadas quadruplicou, alcançando 12 mil cativas. Como cada uma tinha o valor de cerca de Cr$ 20.000,00, as vendas geraram Cr$ 255.095.750,00. Somente com essa venda, já seria possível construir o estádio! Isso porque, até 1961, quando boa parte do Morumbi já estava de pé, o São Paulo gastou Cr$ 241.469.612,80. De acordo com o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação de Economia e Estatística, ao converter para a cotação atual, o valor gasto pelo clube para a construção do Morumbi seria próximo à R$ 38.147.806,00. Em 1956, o Conselho Deliberativo batizou o estádio com o nome do idealizador. A partir de então, passou a se chamar Estádio Cícero Pompeu de Toledo. Nos meses seguintes, gramado e traves foram apresentados. A partir de então, a estrutura do maior estádio particular do mundo até então seria efetivamente construída.

Inauguração de Peixinho

Entre 1956 e 1960, ano da inauguração oficial do Morumbi, a estrutura e a parte interna do estádio começaram a ser construídas. A própria pista de atletismo, palco da Tricolor Run, é datada deste período. Mesmo ainda faltando um terço do estádio para ser levantado, a comissão achou melhor inaugurá-lo, tanto para utilizar da bilheteria para ajudar na verba, quanto para acalmar a ansiedade do são-paulino e da são-paulina. Assim, em 2 de outubro de 1960, a primeira partida seria disputada dentro do Estádio do Morumbi. Primeiramente, pensava-se em fazer um amistoso contra o Peñarol, uma das principais equipes do continente sul-americano, mas a partida não pode ser marcada. Então, o convidado de honra para a inauguração seria o Sporting, de Portugal, sem nenhuma pedida financeira. Antes da partida começar, o estádio recebeu a bênção pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelo Motta e houve um momento de silêncio em homenagem ao Dr. Cícero Pompeu de Toledo. Isso porque o idealizador do maior estádio particular não teve a oportunidade de vê-lo inaugurado, falecido um ano antes. Em campo, um jogo difícil, disputado. Apesar de grandes ídolos do São Paulo em campo, como Gino e Canhoteiro, além do goleiro Poy, o jogo foi definido por outro jogador. Aos doze minutos do primeiro tempo, Arnaldo Poffo Garcia, mais conhecido como Peixinho, recebeu na pequena área após cruzamento e se lançou em direção a bola, que encontrou o fundo das redes. São Paulo 1. Sporting 0, para delírio da torcida tricolor! O gol foi tão marcante que esse tipo de jogada — em que o jogador se lança de cabeça em direção à bola — foi batizada justamente como Peixinho. Em entrevista à Gazeta Esportiva Ilustrada, o jogador se mostrou extremamente eufórico por essa marca: “Hoje sou o mais feliz de todos os são-paulinos. Quando vi a bola “beijar” as redes, senti vontade de chorar, rir, pular feito um doido. E acho que não era para menos. De qualquer forma, meu nome vai ficar na história do nosso grande estádio. E eu, como jogador de futebol e como são-paulino, não quero mais nada na vida!”. O resultado não poderia ser outro, e o São Paulo venceu a equipe portuguesa na estreia de sua nova casa.No mesmo dia, ainda houve uma partida contra o Nacional, do Uruguai, também vencida pelo tricolor, por 3 a 0. Apesar de sua inauguração oficial, o estádio só foi finalizado em 1970, 10 anos depois. No entanto, desde o início já se mostrava como a força do Morumbi seria importante para o tricolor conquistar suas glórias, o que viria a ser confirmada nas décadas seguintes. Na história do estádio, são 1821 jogos da equipe principal, com 1063 vitórias*. *dados atualizados em 29/09/2022  Depois de conhecer a história do nosso templo sagrado, que tal você escrever a sua própria história na Tricolor Run? É a sua oportunidade de entrar no Morumbi e mostrar o seu amor pelo São Paulo!

 

Tricolor Run 2023

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